segunda-feira, 20 de junho de 2011

GT02 - Super-heróis em perspectivas interdisciplinares

GT02 - Super-heróis em perspectivas interdisciplinares
Coordenação: Prof. Dr. Nildo Viana (UFG) e Prof. Ms. Iuri Andréas Reblin (EST)


SESSÃO 1 |  30\07  | Sala 2 | 10h00 – 11h00

NO CAMINHO ERRANTE DA ESCURIDÃO: ANÁLISE DA HQ “THE PRO” COMO MODELO CONTRA-HEGEMÔNICO DE SUPER-HEROÍNAS
Luciana Zamprogne Chagas (UFES)
Bacharel e Mestranda em Ciências Sociais

Esse artigo se propõe a discutir a ideologia individualista - no sentido de Louis Dumont - da sociedade moderna e a possibilidade dos desvios e divergências que a dinâmica cultural da sociedade ocidental permite criar. A ideia defendida é que, pela plasticidade e dinamização da mudança nos discursos hegemônicos, os outsiders podem, sim, tornarem-se novos ícones ou, minimamente, fazer sucesso. A pesquisa centra-se em mulheres (des)enquadradas das HQs, na perspectiva de serem modelos contra-hegemônicos que corroboram dessa hipótese. A partir do universo fantástico dos super-heróis o recorte empírico se dará no quadrinho The Pro escrito por Garth Enis e originalmente publicado pela Image Comics, que conta a história de uma prostituta que, por acaso do destino, vira super-heroína. Além de ser uma paródia sobre os super-heróis mais famosos da DC Comics, chama a atenção pelo sucesso de vendas que obteve, pois, apesar de ter apenas 1 revistinha, foi reimpressa diversas vezes e ganhou até versão em capa dura.

ESTRATÉGIAS DE METAFICÇÃO EM NARRATIVAS DE SUPER-HERÓI
Cláudio Clécio Vidal Eufrausino (UFPE)
Jornalista, Mestre em Comunicação e Doutorando em Teoria Literária

O objetivo deste trabalho é discutir como elementos das narrativas de super-herói, como super-poderes, identidade secreta, paralelismos de tempo e espaço e crises de identidade, podem funcionar como estratégias da metaficção, entendida, com auxílio da teorização de Gustavo Bernardo, como o campo em que realidade e ficção dialogam sobre seus limites e possibilidades.

DEATH NOTE E O HERÓI AO CONTRÁRIO: UMA LEITURA SIMBÓLICA DISCURSIVA
Genis Frederico Schmaltz Neto (UFG)
Graduado em Letras e Mestrando em Letras e Linguística
Núcleo de Estudos em Linguagem e Imaginário (Nelim)

Valendo-se da semiótica praticada por A. Greimas, alicerçada à antropologia do Imaginário de G. Durand, toma-se como corpus o anime Death Note para se pensar como se configuram as paixões discursivas do personagem Yagami Raito e os símbolos enunciativos que enlaçam a noção de Justiça no decorrer da narrativa, seja guiado por seu companheiro shinigami Ryuk ou pelas relações interpessoais estabelecidas com os demais personagens, Desenvolvendo-se na contramão do arquétipo do Herói (aquele que é chamado e se sacrifica), Raito se estabelece como herói contemporâneo da pós-modernidade e propõe um novo olhar sobre os fenômenos sociais. Ademais, rompe com os paradigmas moralistas e oferece um novo mecanismo de catarse pertinente ao século XXI: lida com a morte e dela faz sua essência, torna-se vivo.

ELEMENTOS DA GUERRA FRIA NO UNIVERSO FICCIONAL DE FERDINANDO
Diego Marques Pereira dos Anjos (UFG)
Graduando em Ciências Sociais

As hq´s foram durante muito tempo certo tipo de produção cultural marginalizadas socialmente, tal marginalização se deve a inúmeros fatores: desprezo por formas criativas e fantásticas de expressão priorizando a racionalidade instrumental; pouco desenvolvimento do mercado consumidor; censura estatal e conflito de interesses; conservadorismo pedagógico, entre inúmeros outros motivos. Aos poucos esta situação vem se alterando e um dos principais reflexos é uma renovação crítica na análise sociológica da hq, de alguns de seus temas e personagens. Nesse sentido, pretendemos com essa comunicação realizar alguns apontamentos sobre a pesquisa que realizamos sobre o universo ficcional de Ferdinando, hq produzida nos EUA e divulgada em inúmeros países, na medida em que a análise sociológica de uma produção cultural nos permite descobrir não somente as determinações individuais da produção, mas principalmente a sociedade que possibilitou a emergência da história tal como ela se apresenta com os valores que reproduz.

SESSÃO 2  |  30\07  | Sala 2 | 11h00 – 12h00

MONAQUISMO, ASCETISMO E MISTICISMO – ELEMENTOS DA CULTURA RELIGIOSA NOS HERÓIS CONTEMPORÂNEOS
Valério Guilherme Schaper (EST)
Doutor em Teologia

A cultura religiosa cristã, ao longo de sua história, fomentou o desenvolvimento e o cultivo de determinadas práticas espirituais voltadas para a consecução de suas finalidades. A tradição cristã contribuiu para a criação de uma galeria de personagens (santos, monges, guerreiros, místicos, etc.). Esta cultura compôs o caldo cultural que forneceu muitos elementos do universo heróico dos quadrinhos contemporâneos.

INCONSCIENTE COLETIVO FEMININO E VALORES CONTRADITÓRIOS NA MULHER-MARAVILHA
Nildo Viana (UFG)
Graduado em Ciências Sociais; Especialista em Filosofia; Mestre em Filosofia; Mestre em Sociologia; Doutor em Sociologia.

A personagem Mulher-Maravilha expressa um conjunto de contradições e por isso revela valores opostos e ainda o inconsciente coletivo feminino. Desde sua criação, em 1942, a Mulher-Maravilha revelava um forte desejo de emancipação feminina, manifestando o inconsciente coletivo, o desejo da mulher de superar seu papel na divisão social do trabalho e ethos feminino marcado pela opressão. O que se vê, desde sua primeira história, é uma mulher forte e inteligente que possuía super-poderes, sendo manifestação ideal do desejo reprimido coletivo das mulheres. No entanto, ao mesmo tempo em que manifestava o inconsciente coletivo feminino, essa personagem aparecia como um misto de axiologia e axionomia, valores dominantes e valores autênticos, tal como no caso do seu uniforme e objetivo inicial, lutar pelos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial e recusar o dinheiro como valor fundamental, expressando os dois tipos de valores simultaneamente. Apesar dos valores contraditórios, há o predomínio da axiologia e por isso a axionomia é subordinada, juntamente com o inconsciente coletivo nas histórias da Mulher-Maravilha. A evolução da personagem promoveu alterações em vários sentidos, mas a manifestação do inconsciente coletivo feminino e predomínio da axiologia, permaneceu, sendo que o primeiro elemento sempre foi o atrativo do público feminino desta super-heróina.

TERRÍVEL SIMETRIA: VISÃO PSICANALÍTICA DA IDENTIDADE EM WATCHMEN
Cleriston de Oliveira Costa (UEPB)
Graduado em Comunicação Social e em Letras

O presente trabalho tem como objetivo estudar, de acordo com a perspectiva freudiana, as motivações inconscientes das personagens centrais de Watchmen (1986), de Alan Moore e Dave Gibbons. Recorremos então a uma pesquisa de cunho bibliográfico e qualitativo, na qual McCloud (2004) e Eisner (2010) nos permitem estudar as técnicas de narrativa próprias aos quadrinhos, enquanto Freud (1996) nos cede o embasamento necessário para analisar os traços psicanalíticos das personagens. Pretendemos expor os atributos inerentes à personalidade de cada uma delas, por meio da identificação dos agentes do aparelho psíquico id, ego e superego que atuam de maneira mais influente em seu modus operandi, bem como a busca pelas identidades por elas efetivamente desejadas.

OS SUPER-HERÓIS E O DESEJO DE LIBERDADE
Edmilson Marques (UFG)
Mestre e Doutorando em História

Os super-heróis se destacam como os personagens dos quadrinhos onde a questão da liberdade se afigura de forma mais clara. A liberdade, por sua vez, é um fenômeno amplamente discutido na sociedade moderna, ao mesmo tempo, uma pressuposição da necessidade humana de desfrutá-la na realidade. A superaventura expressa o desejo de liberdade nas ações e poderes dos super-heróis, contudo, esta questão se torna complexa, uma vez que a liberdade expressada nas histórias, não coloca em questão o que causa a não liberdade, o que se torna de fundamental importância, discutir o contexto em que surge este gênero dos quadrinhos e analisar a relação dos super-heróis com a sociedade moderna. Neste sentido, esta comunicação tem como objetivo, analisar a liberdade na sociedade moderna, apontando as contradições e possibilidade que a envolve, e, desta forma, compreender como esta se expressa nas histórias da superaventura através de seus personagens, onde o desejo de liberdade aparece de forma implícita nos diversos elementos que constituem estas histórias.


SESSÃO 3 |  31\07  | Sala 2 | 10h00 – 11h00

REPRESENTAÇÕES DO FEMININO: EMBATES ACERCA DA SEXUALIDADE E DA RELIGIOSIDADE
Kathlen Luana de Oliveira (EST)
Mestra e Doutoranda em Teologia (EST); Especialista em Interdisciplinaridade na Prática Pedagógica (FURB)

A presente pesquisa aborda representações de gênero e religião nas histórias da Velta, da Penitência e da Mulher Maravilha. Tem por objetivo identificar e verificar como gênero e religião são compreendidos nessas narrativas. Por meio de uma pesquisa bibliográfica descritiva, evidencia-se uma suspeita: as representações de gênero, do feminino, mantêm estereótipos de construção de um feminino pensado pela ótica masculina. Já as representações acerca da religião tendem a ser moralizantes, fundamentalistas ou superficiais. A partir de estudos de teólogas feministas se evidencia que a representação do feminino concentra-se em uma sexualidade de extremos: entre a santidade e a promiscuidade. Por fim, o caráter propositivo da pesquisa é delinear as bases para a discussão dessas representações, alargando a compreensão da sexualidade feminina e da religiosidade.

SUPERMAN SEM FRONTEIRAS: A POLÊMICA RENÚNCIA DA CIDADANIA NORTE-AMERICANA
Iuri Andréas Reblin (EST)
Doutorando em Teologia

A presente pesquisa aborda a polêmica renúncia da cidadania norte-americana na história do Superman escrita por David Goyer e publicada na edição comemorativa de Action Comics # 900. Por meio de uma pesquisa bibliográfica exploratória, ela tem o objetivo de analisar as consequências dessa renúncia na perspectiva das narrativas do super-herói e de sua mitologia e as consequências na comunidade com a qual o personagem possui uma relação de pertença. O questionamento do significado dessa renuncia reflete duas direções: uma ruptura formal e discursiva e uma ruptura substancial. O que significam essas rupturas? Qual é o seu impacto? Isso a pesquisa se propõe a discutir.

MAIS RÁPIDO QUE UMA BALA, MAIS FORTE QUE UMA LOCOMOTIVA: DO FAUSTO AO UBERMENSCH, DO BATMAN AO SUPERMAN

Paulo Fernando Dias Diniz (Fac. Damas\ FAVIP)
Licenciado em História (UNICAP);Bacharel em Design (UFPE);Mestre em Comunicação (UFPE); Professor da Fac. Damas e da FAVIP

Os super-heróis são seres exclusivos da sociedade industrial e informacional. Eles marcam a separação entre o mundo natural e o mundo artificial da técnica, estão além da natureza porém não pressupõem um poder sobrenatural como os heróis clássicos filhos de deuses com mortais. O super-herói é criado pela máquina e em alguns casos a supera. Este ser devotado para a máquina é o burguês urbanóide e self-made man, supramito do indivíduo ideal e moderno livre, autônomo e técnico como um demiurgo. Aplicaremos estes conceitos em dois super-heróis antagônicos e ao mesmo tempo referências fortes no mundo mitológico da indústria cultural e do universo dos quadrinhos, o primeiro é Batman (homem-morcego) e o outro é o Superman (super-homem). Baseando-se nestes dois super-heróis tentar-se-a buscar uma correlação entre os signos do super-heroísmo e seu respaldo numa cultura científica pós-moderna.

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